Operação na cracolândia
As pedras no meio do caminho
Desde o dia 3 de janeiro a Polícia Militar realiza uma operação para combater o tráfico de drogas e dispersar viciados da região conhecida como cracolândia, no centro da cidade de São Paulo.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
O objetivo do Estado é dificultar o acesso às drogas pelos dependentes, forçando-os a procurar ajuda especializada para deixarem o vício. A estratégia, chamada “dor e sofrimento”, consiste em impedir a venda e o uso de drogas, por meio da ocupação policial, e, com isso, obrigar os usuários a buscarem apoio junto à rede municipal de saúde e assistência social.
A eficácia do cerco, entretanto, vem sendo questionada por especialistas em segurança pública e saúde. Um dos pontos criticados é que a “limpeza” não resolveria o problema. Os frequentadores do local estariam apenas sendo deslocados para outros bairros da região. O Ministério Público também investiga possíveis abusos por parte da PM.
Em dez dias de operação, 69 pessoas foram presas (a maioria, pequenos traficantes), 152 usuários foram encaminhados para unidades de tratamento e 3.607 pessoas revistadas, de acordo com o balanço da PM. A maior apreensão ocorreu no dia 12, quando uma mulher foi detida com 16 mil pedras de crack.
Nesse mesmo período, 50 crianças foram recolhidas das ruas, segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social. Elas foram encaminhadas ao serviço de saúde pública, para tratamento, ou a abrigos, conselhos tutelares e suas famílias. A ocupação é por tempo indeterminado.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
O objetivo do Estado é dificultar o acesso às drogas pelos dependentes, forçando-os a procurar ajuda especializada para deixarem o vício. A estratégia, chamada “dor e sofrimento”, consiste em impedir a venda e o uso de drogas, por meio da ocupação policial, e, com isso, obrigar os usuários a buscarem apoio junto à rede municipal de saúde e assistência social.
A eficácia do cerco, entretanto, vem sendo questionada por especialistas em segurança pública e saúde. Um dos pontos criticados é que a “limpeza” não resolveria o problema. Os frequentadores do local estariam apenas sendo deslocados para outros bairros da região. O Ministério Público também investiga possíveis abusos por parte da PM.
Em dez dias de operação, 69 pessoas foram presas (a maioria, pequenos traficantes), 152 usuários foram encaminhados para unidades de tratamento e 3.607 pessoas revistadas, de acordo com o balanço da PM. A maior apreensão ocorreu no dia 12, quando uma mulher foi detida com 16 mil pedras de crack.
Nesse mesmo período, 50 crianças foram recolhidas das ruas, segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social. Elas foram encaminhadas ao serviço de saúde pública, para tratamento, ou a abrigos, conselhos tutelares e suas famílias. A ocupação é por tempo indeterminado.
Euforia
O crack é uma droga de alto poder viciante, composta de pasta de cocaína e bicarbonato de sódio. Vendida em forma de pedra e fumado em cachimbo, a substância produz um efeito de euforia que dura alguns minutos, ao fim dos quais o usuário sofre depressão e é levado a consumir mais.
A droga surgiu nos Estados Unidos nos anos 1980. Em 1990 o prefeito de Washington, Marion Barry, foi preso por uso e porte de crack. Desde então, o país conseguiu reverter os índices de criminalidade associados ao entorpecente, com medidas policiais, de saúde e campanhas educativas.
No Brasil, o crack se popularizou nos anos 1990 (a primeira apreensão ocorreu em 1991). Ele se espalhou rapidamente por ser mais barato que a cocaína, ter uma produção doméstica e por ser consumido mais facilmente, dispensando o uso de seringas. O país tem hoje estimados 1,2 milhão de usuários.
Uma pesquisa recente da Fundação Oswaldo Cruz, em parceria com o Governo Federal, apontou a existência de 29 cracolândias em 17 capitais brasileiras, que se movem de acordo com as investidas da polícia e o confronto entre traficantes. Nenhuma delas, contudo, possui as dimensões da existente em São Paulo.
A droga surgiu nos Estados Unidos nos anos 1980. Em 1990 o prefeito de Washington, Marion Barry, foi preso por uso e porte de crack. Desde então, o país conseguiu reverter os índices de criminalidade associados ao entorpecente, com medidas policiais, de saúde e campanhas educativas.
No Brasil, o crack se popularizou nos anos 1990 (a primeira apreensão ocorreu em 1991). Ele se espalhou rapidamente por ser mais barato que a cocaína, ter uma produção doméstica e por ser consumido mais facilmente, dispensando o uso de seringas. O país tem hoje estimados 1,2 milhão de usuários.
Uma pesquisa recente da Fundação Oswaldo Cruz, em parceria com o Governo Federal, apontou a existência de 29 cracolândias em 17 capitais brasileiras, que se movem de acordo com as investidas da polícia e o confronto entre traficantes. Nenhuma delas, contudo, possui as dimensões da existente em São Paulo.
Boca do lixo
A cracolândia existe há 20 anos no bairro da Luz e imediações, no centro da capital. O local é frequentado diariamente por cerca de 400 pessoas, mas a população flutuante chega a mais de 2 mil.
A “boca do lixo” ficou conhecida nos anos 1960 por concentrar produções de cinema brasileiro. Era um lugar de boemia, casas de jogos, prostituição e tráfico, que proliferou com a conivência do Estado.
Nos anos 1990 houve um pico de violência urbana em São Paulo, com chacinas em bairros de periferia. Entre as vítimas dessas matanças estavam os “noias”, como são chamados os viciados em crack. Eles eram mortos por furtarem objetos nas comunidades em que viviam (para sustentar o vício), por delatarem traficantes ou acumularem dívida junto ao tráfico.
Os “noias” então buscaram refúgio no centro, que acabou se tornando um território livre para o consumo e a venda ilegal de drogas. Diferente das periferias, onde a venda de drogas é controlada por facções criminosas, na cracolândia o comércio ocorre de forma indiscriminada. Essa facilidade de acesso, combinada com o uso “liberado” em imóveis abandonados ou nas ruas, fez surgir a cracolândia.
A “boca do lixo” ficou conhecida nos anos 1960 por concentrar produções de cinema brasileiro. Era um lugar de boemia, casas de jogos, prostituição e tráfico, que proliferou com a conivência do Estado.
Nos anos 1990 houve um pico de violência urbana em São Paulo, com chacinas em bairros de periferia. Entre as vítimas dessas matanças estavam os “noias”, como são chamados os viciados em crack. Eles eram mortos por furtarem objetos nas comunidades em que viviam (para sustentar o vício), por delatarem traficantes ou acumularem dívida junto ao tráfico.
Os “noias” então buscaram refúgio no centro, que acabou se tornando um território livre para o consumo e a venda ilegal de drogas. Diferente das periferias, onde a venda de drogas é controlada por facções criminosas, na cracolândia o comércio ocorre de forma indiscriminada. Essa facilidade de acesso, combinada com o uso “liberado” em imóveis abandonados ou nas ruas, fez surgir a cracolândia.
Soluções
Nos últimos anos, houve uma tentativa mais sistemática de resolver o problema. A Prefeitura de São Paulo lançou o programa Nova Luz, para revigorar a região central e atrair investimentos imobiliários. Entre as medidas adotadas estão a isenção de IPTU, para estimular a reforma de fachadas, e a desapropriação de imóveis.
Outras providências do governo incluem o fechamento de bares e hotéis ligados ao tráfico, o encaminhamento de moradores de rua para programas assistenciais e o reforço do policiamento nos bairros.
Em dezembro, a presidente Dilma Rousseff (PT) lançou um programa “Crack, é possível vencer”, com investimentos de R$ 4 bilhões, aplicados até 2014, em ações de prevenção, tratamento médico e ações de repressão ao tráfico. Estão previstas a ampliação da oferta de tratamento aos usuários e a criação de enfermarias especializadas em hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde), com leitos exclusivos para usuários. Além disso, serão oferecidos cursos de qualificação profissional e feitas campanhas preventivas nas escolas.
Outras providências do governo incluem o fechamento de bares e hotéis ligados ao tráfico, o encaminhamento de moradores de rua para programas assistenciais e o reforço do policiamento nos bairros.
Em dezembro, a presidente Dilma Rousseff (PT) lançou um programa “Crack, é possível vencer”, com investimentos de R$ 4 bilhões, aplicados até 2014, em ações de prevenção, tratamento médico e ações de repressão ao tráfico. Estão previstas a ampliação da oferta de tratamento aos usuários e a criação de enfermarias especializadas em hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde), com leitos exclusivos para usuários. Além disso, serão oferecidos cursos de qualificação profissional e feitas campanhas preventivas nas escolas.
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