Rússia
Suspeita de fraude eleitoral motiva protestos
Denúncias de fraudes em eleições parlamentares provocaram a maior onda de protestos na Rússia contra o governo desde o fim do regime comunista em 1991. As manifestações reuniram milhares de pessoas em Moscou, capital, e outras dezenas de cidades russas.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
As eleições para o Parlamento, ocorridas dia 4 de dezembro, terminaram com a vitória do partido do primeiro-ministro Vladimir Putin. O partido governista, Rússia Unida, obteve 49% dos votos contra o Partido Comunista, que ficou em 19%.
Apesar de ter encolhido – passando de 64%, nas últimas eleições, para 49% – a legenda de situação manteve a maioria, obtendo 238 das 450 cadeiras da Duma (parlamento russo). Por outro lado, cresceu a representatividade da oposição, formada por comunistas, nacionalistas e social-democratas.
As acusações de fraude foram feitas por observadores internacionais da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) e a PACE (Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa). Na Rússia, o grupo Golos apontou o registro de 5,3 mil irregularidades.
O Golos é o único grupo independente que monitora as eleições russas. Ele é mantido com fundos vindo dos Estados Unidos e da Europa. Depois de ter denunciado irregularidades nas urnas, o site do grupo sofreu ataque de hackers.
Nas eleições parlamentares anteriores, de 2007, nas quais Putin também saiu vitorioso, aconteceram as mesmas acusações de fraudes. Mas, neste ano, pela primeira vez o Kremlin foi alvo da insatisfação dos eleitores.
Após a votação, os protestos tomaram conta da capital e outras cidades por três dias seguidos. Centenas de pessoas foram presas em manifestações em Moscou e São Petersburgo, as maiores cidades russas. Apesar das autoridades terem liberado locais para protestos, mediante negociações com líderes de oposição, houve confrontos com a polícia.
Manifestantes usaram a internet, celulares e redes sociais para disseminar informações sobre supostas irregularidades na votação. Isso foi possível devido ao maior contingente de russos com acesso a novas tecnologias.
Até mesmo o ex-líder soviético Mikhail Gorbatchev pediu que as eleições fossem anuladas. O governo, contudo, descartou qualquer anulação dos resultados e sustentou a legitimidade do pleito.
A situação teve repercussão internacional e esfriou ainda mais as relações entre Rússia e Estados Unidos. Putin acusou o governo americano de incentivar a oposição, em razão de a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, ter manifestado reservas quanto aos resultados da votação.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
As eleições para o Parlamento, ocorridas dia 4 de dezembro, terminaram com a vitória do partido do primeiro-ministro Vladimir Putin. O partido governista, Rússia Unida, obteve 49% dos votos contra o Partido Comunista, que ficou em 19%.
Apesar de ter encolhido – passando de 64%, nas últimas eleições, para 49% – a legenda de situação manteve a maioria, obtendo 238 das 450 cadeiras da Duma (parlamento russo). Por outro lado, cresceu a representatividade da oposição, formada por comunistas, nacionalistas e social-democratas.
As acusações de fraude foram feitas por observadores internacionais da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) e a PACE (Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa). Na Rússia, o grupo Golos apontou o registro de 5,3 mil irregularidades.
O Golos é o único grupo independente que monitora as eleições russas. Ele é mantido com fundos vindo dos Estados Unidos e da Europa. Depois de ter denunciado irregularidades nas urnas, o site do grupo sofreu ataque de hackers.
Nas eleições parlamentares anteriores, de 2007, nas quais Putin também saiu vitorioso, aconteceram as mesmas acusações de fraudes. Mas, neste ano, pela primeira vez o Kremlin foi alvo da insatisfação dos eleitores.
Após a votação, os protestos tomaram conta da capital e outras cidades por três dias seguidos. Centenas de pessoas foram presas em manifestações em Moscou e São Petersburgo, as maiores cidades russas. Apesar das autoridades terem liberado locais para protestos, mediante negociações com líderes de oposição, houve confrontos com a polícia.
Manifestantes usaram a internet, celulares e redes sociais para disseminar informações sobre supostas irregularidades na votação. Isso foi possível devido ao maior contingente de russos com acesso a novas tecnologias.
Até mesmo o ex-líder soviético Mikhail Gorbatchev pediu que as eleições fossem anuladas. O governo, contudo, descartou qualquer anulação dos resultados e sustentou a legitimidade do pleito.
A situação teve repercussão internacional e esfriou ainda mais as relações entre Rússia e Estados Unidos. Putin acusou o governo americano de incentivar a oposição, em razão de a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, ter manifestado reservas quanto aos resultados da votação.
Autoritário
Putin está há 12 anos no poder na Rússia. Ele foi presidente entre 2000 e 2008 e depois primeiro-ministro, cargo que ocupa atualmente. O premiê é favorito para a eleição presidencial em março do próximo ano. As manifestações, no entanto, podem mudar esse quadro.
A Rússia é o maior país do mundo em área, o nono mais populoso (142 milhões de habitantes) e a nona economia do planeta. Por 74 anos, a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) foi uma superpotência militar e modelo de Estado comunista.
Reformas políticas e econômicas derrubaram o regime comunista em 1991. Seguiu-se uma crise econômica que, nos anos 1990, causou a contração do PIB (Produto Interno Bruto) em 40%.
A partir de 1998, por uma década, a alta do preço do petróleo impulsionou um período de crescimento econômico – o PIB registrou aumento de 185%, uma média anual de 7,3%. Por isso, o país foi incluído no Brics, grupo das economias em desenvolvimento, que inclui Brasil, Índia, China e África do Sul. Em 2008, a crise econômica mundial derrubou as exportações e trouxe um período de recessão.
No plano político, a Rússia não abandonou por completo o Estado autoritário dos tempos de Stalin. A despeito de ter adotado a democracia e o regime semipresidencialista, abolindo o domínio do Partido Comunista, o partido Rússia Unida, do premiê Putin e do presidente Dmitri Medvedev, dominam a cena política.
Putin (ex-oficial da KGB, o serviço secreto russo), é acusado de perseguir inimigos políticos; reprimir com violência os separatistas da Chechênia; atos de corrupção; e censura velada aos meios de comunicação do país, por meio do controle estatal dos canais de TV.
Os bons rumos da economia russa fizeram Putin desfrutar da aprovação de 78% do eleitorado, o que garantiu sua reeleição presidencial. Ao término do mandato, foi empossado premiê pelo presidente Medvedev, e apontado como seu sucessor.
Se Putin for eleito presidente em 2012, Medvedev deverá ser empossado primeiro-ministro, invertendo as posições atuais dos políticos e garantindo, assim, a permanência do mesmo grupo no poder. Mas agora os planos de Putin enfrentam obstáculos com a oposição, que prometeu continuar os protestos da “primavera russa”.
A Rússia é o maior país do mundo em área, o nono mais populoso (142 milhões de habitantes) e a nona economia do planeta. Por 74 anos, a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) foi uma superpotência militar e modelo de Estado comunista.
Reformas políticas e econômicas derrubaram o regime comunista em 1991. Seguiu-se uma crise econômica que, nos anos 1990, causou a contração do PIB (Produto Interno Bruto) em 40%.
A partir de 1998, por uma década, a alta do preço do petróleo impulsionou um período de crescimento econômico – o PIB registrou aumento de 185%, uma média anual de 7,3%. Por isso, o país foi incluído no Brics, grupo das economias em desenvolvimento, que inclui Brasil, Índia, China e África do Sul. Em 2008, a crise econômica mundial derrubou as exportações e trouxe um período de recessão.
No plano político, a Rússia não abandonou por completo o Estado autoritário dos tempos de Stalin. A despeito de ter adotado a democracia e o regime semipresidencialista, abolindo o domínio do Partido Comunista, o partido Rússia Unida, do premiê Putin e do presidente Dmitri Medvedev, dominam a cena política.
Putin (ex-oficial da KGB, o serviço secreto russo), é acusado de perseguir inimigos políticos; reprimir com violência os separatistas da Chechênia; atos de corrupção; e censura velada aos meios de comunicação do país, por meio do controle estatal dos canais de TV.
Os bons rumos da economia russa fizeram Putin desfrutar da aprovação de 78% do eleitorado, o que garantiu sua reeleição presidencial. Ao término do mandato, foi empossado premiê pelo presidente Medvedev, e apontado como seu sucessor.
Se Putin for eleito presidente em 2012, Medvedev deverá ser empossado primeiro-ministro, invertendo as posições atuais dos políticos e garantindo, assim, a permanência do mesmo grupo no poder. Mas agora os planos de Putin enfrentam obstáculos com a oposição, que prometeu continuar os protestos da “primavera russa”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário